O assunto foi divulgado em diversos veículos de comunicação. |
Reproduzimos na íntegra, carta enviada pela jornalista e vice-presidente da Federação Pró Costa Atlântica, Regina Helena de Paiva Ramos.
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Há alguns anos, às vésperas da Semana do Meio Ambiente, escrevi um artigo no qual afirmava que São Sebastião não tinha nada a comemorar na semana dedicada ao meio ambiente. Título do artigo: “Comemoração da Semana do Meio Ambiente. Jura?”
Poderia repetir esse título agora.
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Na primeira quinzena de maio a Prefeitura de São Sebastião, alegando obra emergencial, atacou violentamente as margens do rio Camburi. Sem dó nem piedade. Um crime ambiental de magnitude impressionante, segundo Leandro Saadi, fotógrafo e piloto de aeropente que monitora a Costa Sul para a nossa Federação. Por que motivo essa sanha destruidora? A alegação foi que tinha havido enchentes que prejudicaram as pessoas que moram no Areião. Foi verdade. Teve gente com água pela cintura e que perdeu tudo. Só que desassoreamento do rio não se faz com escavadeira Poclain e fúria assassina, adicionada a ignorância e arrogância de quem sabe tudo.
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Quem fez essa desgraça não sabe de nada, não entende nada, não enxerga um palmo adiante do nariz. Todas as vezes que acontece uma coisa dessas o certo é percorrer as margens do rio cortando ramagem que prejudica o fluir das águas, retirando galhos mortos do leito do rio, lixo, obstáculos, tudo o que estiver obstruindo a passagem das águas. Com cuidado e com carinho.
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Destruir a mata ciliar, como foi feito (vejam as fotos - estarrecedoras ! - neste site) e colocar quantidade imensa de areia e terra nas margens só vai fazer com que o rio adquira mais velocidade e, se chover o que choveu em Camburi no último dia de enchente, os ribeirinhos vão sair a nado. Pior a emenda do que o soneto!
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O secretário de Meio Ambiente diz que vai plantar mudinhas onde foi feita a desgraça. Quero ver as mudinhas “pegarem” naquela areia toda! O trabalho agora não é apenas plantar mudinhas, é retirar aquela camada absurda de terra antes que ela volte para o leito do rio na primeira chuva e, aí sim, começar o plantio de árvores da mata atlântica, num trabalho que seja orientado, planejado e realizado por pessoas inteligentes e conhecedoras da técnica de reposição de mata ciliar. E não por brutamontes armados de máquina destruidora.
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O pior de tudo é que a destruição foi autorizada pelo decreto número 5081/11, ou seja, pelo prefeito Ernane Primazzi. E mais: às vésperas do Dia do Meio Ambiente.
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Tenho certeza que a Prefeitura de São Sebastião irá festejar a data com dezenas de festinhas. Haverá bandeirinhas, plantio de árvores aqui e ali e muito discurso. Quanto à mata ciliar do rio Camburi, ela que se dane!
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