Lí um artigo que dizia que não somos uma sociedade de anjos ou santos e, portanto não poderíamos esperar políticos e representantes anjos ou santos. Dizia ainda que tínhamos uma sociedade amoral e inumana do modus operandi “rouba, mas faz” e “é dando que se recebe”.
Um pouco de exagero, mas com um fundo de verdade. A hipocrisia de nossa sociedade admitindo o roubo é vergonhosa e precisamos extirpá-la; não podemos pactuar deste “rouba, mas faz”. Os cargos políticos não existem para enriquecer ou empobrecer ninguém, e esta premissa não pode ser utópica. Pela lógica deixá-lo-ia mais pobre, mas no dia a dia, vemos o inverso ocorrendo.
O nosso estado, com 645 municípios, tem 443 prefeitos investigados ou respondendo a ação penal pública. O número corresponde a quase 70% dos chefes dos municípios paulistas. O SECRIM - Setor Especial de Crimes de Prefeitos — braço do Ministério Público com atribuição para investigar prefeitos e ex-prefeitos tem 1.560 procedimentos envolvendo acusações contra estes agentes públicos, ou seja, o número de investigações em curso é mais do que o dobro do número de municípios do estado.
Isto não é natural e não podemos candidamente aceitar este desvio de conduta; não iludamo-nos com as inaugurações de obras caras, sem qualquer adequação ao interesse público, com desvios claros de recursos públicos. Sob a premissa de se fazer obras vultosas como nunca se fez na cidade, a “roubalização” impera, está em curso e nada parece detê-la.
Necessitamos de transparência nos gastos, precisamos esclarecimentos das vultosas quantias gastas, como no Projeto Aquarela, Obra do Aterro da Praia, Revitalização da Rua da Praia; são mais de R$ 21 milhões.
Precisamos em síntese banir a apologia da “roubalização” e a hipocrisia, não defendendo o desvio excessivo de verbas públicas, sob a premissa de estarem fazendo algo.
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