Ernane: um peso, duas medidas

O midiático prefeito Ernane, justificando a corrupção que o acompanha, disse que demitiu-me por ser um mau servidor; já deu quatro versões e acredito que inventará outras. Já disse e provei que solicitei minha exoneração.

Na primeira matéria na Folha de São Paulo falou que me demitiu porque estava pegando serviço particular; algum "asponer" (ASsessor de POrra Nenhuma do ERnane) próximo deve ter informado que se tivesse assim feito, visto hoje a prefeitura ser "um balcão de negócios" onde tudo se comercializa, teria de demitir muitos servidores por esse motivo e a Secretaria de Obras ficaria sem funcionários. Mudou então sua versão.

Já no site da prefeitura, quando informado a queda do Diretor de Fiscalização, mudou um pouco a versão: neste momento a causa de minha exoneração foi a suspeita de que “eu estava vendendo dificuldades para criar facilidades” no exercício da função e que tem documentos que comprovam essa atitude. Ora, se há documentos comprovando não são suspeitas, são fatos. Deveria ter me chamado, mostrado,  questionado e solicitado explicações. O fez? Não e esse é o problema. Não tem nada que desabone meu trabalho junto à prefeitura, diferentemente de si. E bota desabono nisso.

Na entrevista da TV Vanguarda mudou mais uma vez e disse que era porque eu havia aprovado um projeto no mesmo dia em que fora dada entrada. Santa ignorância. Nem para criar um factóide tem capacidade. O projeto, um posto de gasolina no Bairro das Cigarras, tem como data de entrada 03/11/2008; a profissional responsável pela sua aprovação, tramitação, correção, recebimento e atendimento de comunique-se é a Arq Kátia, atual Diretora de Planejamento.

Em 14/09/2009 a Divisão de Licenciamento encaminhou para mim, como sempre fez com todos os processos, para manifestação e informação de que se tratava processo de longa tramitação, demandava pequenas correções, que o proprietário (cliente da Arq Kátia) estava em vias de ter fechado seu posto pela CETESB, que as correções eram simples e fáceis e sua responsável pela correção assim faria à noite (durante o dia dá expediente na Secretaria de Habitação e Planejamento) e que no dia seguinte tramitaria o processo para sua aprovação. Assim foi feito.  Basta verificar nas folhas de andamento e jogo de plantas.

Se o prefeito fosse um pouco mais cauteloso em suas afirmações, não passaria por bobo e desconhecedor de sua máquina administrativa. Quem tramitou foi sua funcionária de confiança; quem conseguiu essa agilidade não fui eu e sim ela e se houve alguma irregularidade, deve se reportar a ela. Para mim, veio apenas o processo avaliado pelos técnicos da Divisão de Licenciamento e estando tudo de acordo, aprovei. Ponto final.

Parece que a indignação do prefeito é o trabalho solicitado pelo cliente da Arq Kátia,  aprovado em 22/09/09 junto a minha empresa, sem qualquer ligação pela aprovação do projeto na  prefeitura. Trata-se de projetos executivos complementares (arquitetura, estrutura, elétrica e hidráulica) para início de obra complexa. Como não os produz para suas licitações, não os conhece e tampouco a improvável correlação.

Agora entendo o motivo de seu “mercadinho” estar às moscas e está relacionado a sua linha de raciocínio; imagine-se um munícipe indo na prefeitura e retirando um alvará de construção, habite-se ou documento qualquer e depois ir até ao seu estabelecimento e comprar um quilo de carne, pacote de açúcar ou qualquer coisa. Pode  aparecer um "débil mental" dizendo que o cidadão só conseguiu o documento porque comprou no “Supermercado Kat-Pag” e provocar sua exoneração (cassação). Mas nada a ver, é apenas neura e não há qualquer problema.

Mas se fato assim pensa terá que exonerar alguns diretores, assessores, secretários (tem um que adora aprovar rampa na praia, legalizar marinas e terceiros pavimentos como se fosse mezaninos) e outros mais, começando exatamente pela responsável técnica do projeto e tramitação junto à prefeitura. Não estou sugerindo isso, só relembrando Sócrates e sua famosa frase: um peso, duas medidas. Não pegará bem essa "diferença de conduta".

Se eficiência e rapidez em despachar processos no mesmo dia que recebido for sinal de venda de dificuldade para criar facilidade, visto a carapuça e reconheço; sou um mercador de dificuldade e criador de facilidade e estúpido, pois melhor seria criar dificuldade e vender facilidade.  Seria mais rentável.

E como o prefeito tem se mostrado bastante inapto, despreparado, cego e inerte, pode aproveitar agora que está no prédio da Secretaria de Obras e falar com as secretárias Eliana e Daniela; peça para levantarem os processos a mim encaminhados enquanto diretor e avalie o tempo que ficaram sobre minha mesa. Ficará triste, com aquele carão de bobo e com aquela vontade de retroceder.

Mas sem chance, meu pedido de exoneração foi em caráter irrevogável.